Luciana Guimarães, aliada do ex-prefeito Taveira, tenta retomar a chefia da pasta mesmo sob críticas pela má gestão anterior e rejeição popular.
Parnamirim pode estar prestes a vivenciar mais um capítulo conturbado na condução da saúde pública. A ex-secretária municipal de Saúde, Luciana Guimarães, tem se aproximado politicamente da prefeita Professora Nilda com o objetivo de reassumir o comando da pasta — movimento que ocorre em meio a rumores de uma iminente reforma administrativa.
Luciana foi peça-chave na gestão do ex-prefeito Rosano Taveira, opositor direto da atual prefeita. Nos últimos dias, tem utilizado suas redes sociais para compartilhar ações da Prefeitura de Parnamirim, numa estratégia interpretada como tentativa de reaproximação e reposicionamento político dentro da atual gestão.
A movimentação acontece no momento em que cresce a insatisfação com o atual secretário de Saúde, Rogério Gurgel, que após quase sete meses à frente da pasta, ainda não conseguiu apresentar resultados concretos ou solucionar problemas estruturais herdados da gestão anterior.
Entre os principais pontos que pesam contra o eventual retorno de Luciana Guimarães estão as duras críticas à sua condução passada da Secretaria de Saúde, em especial aos supostos casos de assédio moral. Durante sua gestão, a Atenção Primária foi marcada pela falta de medicamentos básicos, insumos e escassez de profissionais. A Atenção Especializada enfrentou desmonte, com ausência de psiquiatras, filas intermináveis por cirurgias eletivas — que seguem suspensas até hoje —, além de desabastecimento de insulinas e colírios para pacientes com glaucoma.
A situação da UPA de Nova Esperança também virou símbolo do descaso: estrutura sucateada, superlotação, aparelho de raio-X inoperante, falta de medicamentos e exames laboratoriais básicos indisponíveis. O cenário de abandono consolidou a imagem negativa da ex-gestora junto a servidores e usuários do sistema.
Mesmo com a fragilidade da atual gestão de Rogério Gurgel, a possível substituição por Luciana é vista como um retrocesso político e administrativo. Para analistas e eleitores, a troca poderia simbolizar uma traição ao discurso de mudança adotado por Nilda durante sua campanha, quando prometeu romper com os vícios e práticas da antiga gestão.
A prefeita, que ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, enfrenta agora o desafio de escolher entre manter um secretário ineficaz ou reabrir as portas a uma figura desgastada e alinhada ao antigo grupo político que ela prometeu combater.
Seja qual for a decisão, o que está em jogo é mais do que uma simples troca de nomes: é o rumo da política de saúde em Parnamirim — e a coerência de um projeto de governo que se propôs a fazer diferente.