PT e PSOL marcam presença no pleito, enquanto grande parte dos alunos preferem não se envolver com questões estudantis e nas decisões que impactam a vida acadêmica.
As eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), realizadas nesta terça-feira, 2 de setembro de 2025, evidenciam um cenário que se repete há anos: a forte atuação de partidos políticos nas disputas estudantis. O espaço, criado para representar os interesses dos alunos, tornou-se um terreno de influência e estratégias eleitorais de legendas nacionais.
O DCE, em sua essência, deveria ser o elo entre estudantes e universidade, responsável por organizar atividades culturais, esportivas, propor melhorias acadêmicas e lutar pelos direitos da comunidade discente. No entanto, hoje a disputa pelo diretório revela que sua função vai além da representatividade estudantil — sendo também um campo de projeção política. Prova disso é que, entre as três chapas concorrentes, duas têm vínculos claros: a Chapa 1 ligada ao PT e a Chapa 3 ligada ao PSOL. Apenas a Chapa 2 não apresenta associação partidária explícita.
Esse cenário, no entanto, não é acompanhado de ampla participação dos alunos. Ao contrário, estima-se que quase 80% do corpo discente ignore as eleições, enxergando-as como irrelevantes para sua trajetória acadêmica. Essa indiferença, contudo, é o que garante espaço para que grupos partidários se fortaleçam dentro da universidade.
Outro ponto que merece atenção é a questão financeira. O DCE recebe recursos de âmbito nacional e tem a obrigação de repassar parte deles aos Centros Acadêmicos de cada curso. Nos últimos anos, entretanto, esse repasse tem sido falho, e a transparência na utilização das verbas, insuficiente. O resultado é a limitação de atividades que poderiam beneficiar diretamente os estudantes.
As eleições de hoje levantam uma reflexão inevitável: até que ponto a omissão estudantil não contribui para o avanço das disputas partidárias dentro da universidade? Recusar-se a participar não elimina a política da vida acadêmica; pelo contrário, fortalece quem já ocupa os espaços de decisão.
Enquanto a maioria permanecer de braços cruzados, a universidade seguirá sendo palco de disputas ideológicas que pouco dialogam com os reais problemas do dia a dia dos alunos.