Caso aconteceu na noite do dia 9, mas só foi revelado após denúncia de estudantes sobre aumento da violência na universidade
Um grave caso de sequestro ocorrido dentro do Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) veio à tona nos últimos dias, após denúncias de estudantes sobre a crescente insegurança no ambiente universitário. O crime aconteceu na noite da quarta-feira, 9 de abril, por volta das 22h, na saída das aulas do Centro de Biociências, mas só foi divulgado agora através da ouvidoria independente organizada por coletivos estudantis.
A vítima, uma aluna da universidade, que terá sua identidade preservada, foi abordada por um homem armado no estacionamento do setor, quando se dirigia ao seu carro.
“Normalmente o estacionamento é lotado, mas nesse dia só tinha o meu carro. Eu o vi de longe e fui seguindo para o carro, que tirava a minha visão. Quando abri a porta ele se aproximou por trás e anunciou o sequestro. Tirou a arma da mochila, mandou eu sentar no banco do passageiro e baixar a cabeça”, relatou a vítima.
Durante o sequestro, o homem, descrito como jovem, branco, de barba, sem tatuagens aparentes e carregando uma mochila, dirigiu o veículo da estudante enquanto fazia ameaças. Ele exigiu que ela saísse do iCloud do celular, tentando impedir o rastreamento do aparelho, e afirmou fazer parte de uma facção criminosa. A vítima teve seu celular e identidade levados, além de sofrer uma transferência via Pix no valor de R$ 400.
“Ele tentou sair do iCloud, mas não conseguiu. Eu sugeri passar a senha do celular e do banco. Ele ficou agressivo, dizendo que, se eu denunciasse ou bloqueasse a conta, mandaria o grupo dele atrás de mim na universidade”, afirmou.
O crime terminou em uma área de matagal no bairro de Ponta Negra, onde a estudante foi deixada. Sem telefone, ela pediu ajuda a moradores da região até conseguir entrar em contato com o pai, que a buscou e a levou à delegacia de plantão.
O caso ganhou visibilidade após denúncias feitas por estudantes sobre uma série de episódios de violência dentro da UFRN, incluindo relatos recentes de importunação sexual em ônibus circulares que atendem ao campus. A falta de resposta institucional e a subnotificação dos casos motivaram a criação de uma ouvidoria independente por coletivos como o Movimento de Mulheres Olga Benário e o Correnteza.
“Sabemos do sequestro e da tentativa de sequestro porque a informação chegou pra gente na ouvidoria. A da UFRN é insuficiente. Uma aluna relatou tentativa de estupro e quem recebeu a denúncia disse que era por causa da roupa dela. Há um despreparo enorme”, denuncia Kívia Moreira, estudante de Direito.
Estudantes cobram medidas urgentes da universidade para ampliar a segurança no campus, especialmente durante a noite, quando a maioria dos casos ocorre. A UFRN ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.