Na manhã desta terça-feira (22), a Polícia Civil do Rio de Janeiro deu início à Operação 13 Aldeias, uma ação destinada a desmantelar a facção criminosa conhecida como Povo de Israel (PVI), que, segundo as investigações, movimentou cerca de R$ 70 milhões em dois anos por meio de golpes de extorsão. A operação conta com o apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Subsecretaria de Inteligência da Administração Penitenciária e visa cumprir 44 mandados de busca e apreensão.
A Facção
Fundada em 2004 por indivíduos que haviam sido expulsos de outras facções, o Povo de Israel se destaca pela brutalidade e pelo engenho em seus métodos de extorsão. Com aproximadamente 18 mil detentos sob sua influência em 13 unidades prisionais, a organização tem se mostrado uma força poderosa dentro do sistema carcerário, controlando 42% do efetivo prisional do estado.
Os líderes da facção, atualmente encarcerados, como Marcelo Oliveira (conhecido como Tomate), Avelino Gonçalves (Alvinho), Ricardo Martins (Da Lua) e Jailson Barbosa (Nem), são os principais alvos da operação. A quadrilha utiliza celulares que entram ilegalmente nas prisões para coordenar suas atividades criminosas.
Métodos de Extorsão
Os golpes praticados pelo Povo de Israel são variados, mas dois métodos se destacam:
- Falso Sequestro: Detentos realizam ligações para números aleatórios, fingindo ser um parente mantido refém. Após a vítima ser enganada, outro membro da facção assume a ligação e exige um resgate.
- Falsa Taxa: Criminosos ligam para estabelecimentos comerciais, se passando por traficantes da região e ameaçando os proprietários com supostas retaliações caso não paguem uma “taxa”.
A Ação Policial
As buscas estão sendo realizadas em várias localidades, incluindo Copacabana, Irajá, São Gonçalo, Maricá, Rio das Ostras, Búzios e São João da Barra, além de ações no Espírito Santo. Entre os alvos da operação estão cinco policiais penais suspeitos de colaborar com a facção. Na Zona Sul do Rio, uma joalheria foi identificada como um ponto de lavagem de dinheiro proveniente das extorsões.
A Central da Extorsão
A principal base de operações do Povo de Israel está localizada no Presídio Nelson Hungria, dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. O PVI, conforme a Polícia Civil, opera com uma estrutura hierárquica bem definida: os “empresários” são responsáveis pela obtenção de celulares; os “ladrões” realizam as ligações para as vítimas, e os “laranjas” recebem o dinheiro do crime.
Ramificações da Quadrilha
As investigações revelaram que o Povo de Israel possui ramificações em outros estados, como Espírito Santo e São Paulo, onde aliados operam para receber e movimentar o dinheiro das extorsões.
A Operação 13 Aldeias representa um importante passo no combate ao crime organizado dentro do sistema penitenciário do Rio de Janeiro. Com a possibilidade de desmantelar uma organização que tem causado sofrimento a milhares de pessoas, a ação da Polícia Civil pode trazer um alívio para as vítimas das extorsões do Povo de Israel e um forte recado contra a impunidade.
Fonte: G1