Tormenta em Natal: vão-se as obras na ponte, vem a greve dos ônibus

Quando a população natalense pensava que o trânsito teria um respiro com a liberação da Ponte de Igapó, a cidade é surpreendida pela paralisação dos ônibus e mergulha novamente no caos da mobilidade urbana.

Por: Daniel Morais

Mal a população de Natal comemorou a reabertura da Ponte de Igapó — obra esperada e que, por algumas semanas, devolveu um pouco de normalidade ao trânsito entre a Zona Norte e outras regiões da cidade — e um novo obstáculo já se impõe: a paralisação do transporte público. Os ônibus, que deveriam aliviar o fluxo de veículos e garantir o deslocamento diário de milhares de trabalhadores, agora estão fora de circulação devido à mobilização da categoria em busca de melhorias salariais e condições de trabalho.

A sensação é de que a mobilidade urbana na capital potiguar vive uma eterna sequência de crises. Quando um problema parece resolvido, outro surge quase que imediatamente, jogando a cidade de volta ao caos. A liberação da ponte, que organizou momentaneamente o tráfego naquela região, foi ofuscada pela notícia da paralisação dos motoristas de ônibus, deixando a população novamente sem alternativas seguras e eficientes para se deslocar.

Por mais legítima que seja a pauta dos trabalhadores do transporte público, o episódio escancara, mais uma vez, a fragilidade do sistema de mobilidade de Natal, que há anos carece de planejamento estratégico e de soluções de médio e longo prazo. A licitação do transporte coletivo, promessa de várias gestões e ainda sem desfecho, segue sendo adiada, enquanto os natalenses enfrentam diariamente os mesmos problemas.

E mesmo que esse impasse atual seja resolvido, o grande desafio permanece: Natal não comporta mais a quantidade de veículos que disputa espaço nas ruas e avenidas, principalmente nos horários de pico. Nem as avenidas de sentido único, nem pequenas obras de recapeamento, nem mudanças pontuais de fluxo conseguem dar conta do volume de carros e motos que circulam diariamente.

Soluções improvisadas ou emergenciais, como rodízio de placas, apenas deslocariam o problema, como já aconteceu em outras cidades brasileiras. O que Natal precisa é de um projeto viário consistente e moderno, capaz de organizar o trânsito, priorizar o transporte público de qualidade e oferecer alternativas seguras para pedestres e ciclistas.

Entre as propostas possíveis e de execução mais eficiente estaria a instalação de pequenos viadutos em pontos críticos da cidade, substituindo cruzamentos por passagens elevadas que desafoguem o tráfego sem o uso excessivo de sinais. Essa estrutura, combinada a passarelas com acessibilidade e a requalificação de vias de conversão, traria benefícios reais à fluidez do trânsito.

Para isso, claro, será necessário planejamento técnico, coragem administrativa e a disposição de realizar algumas desocupações em áreas estratégicas. Mas é o tipo de solução que não apenas melhora a mobilidade, como também reorganiza o espaço urbano e valoriza a cidade.

Natal precisa abandonar a cultura do improviso e do paliativo. O problema da mobilidade não é episódico — ele é estrutural, afeta a economia local, agrava desigualdades e compromete a qualidade de vida. Enquanto continuarmos correndo atrás de soluções emergenciais, a capital seguirá refém do próprio trânsito.

A hora de planejar a cidade que queremos para os próximos anos é agora.

A criação de Viadutos nas vias de sentido único pode amenizar o problema em Natal

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