Uma investigação da BBC trouxe à tona um caso chocante que deixou brasileiros inocentes na prisão e revelou o lado obscuro de uma viagem dos sonhos. Daniel Guerra, um velejador brasileiro de 43 anos, acreditava que havia encontrado a oportunidade perfeita para realizar seu sonho de navegar pelo mundo. O anúncio de emprego, que prometia levá-lo a bordo de um iate britânico para uma jornada do Brasil à Europa, parecia a chance que ele sempre quis.
A Promessa de uma Viagem dos Sonhos
O anúncio buscava ajudantes de convés para o veleiro Rich Harvest, e Daniel não hesitou em se candidatar. Juntamente com seu amigo Rodrigo Dantas, ele conheceu o proprietário do iate, George Saul, conhecido como “Fox”. Os jovens velejadores se sentiram aliviados ao descobrir que o britânico era simpático e acessível, ao contrário de outros donos de barcos que haviam encontrado anteriormente. O que parecia ser uma oportunidade inofensiva rapidamente se transformou em um pesadelo.
A Verificação da Polícia
Antes da partida, a polícia de Natal realizou uma busca no veleiro, mas não encontrou nada suspeito. Para Daniel e Rodrigo, a operação parecia uma verificação de rotina. Animados, eles embarcaram na jornada em 4 de agosto de 2017, sem imaginar o que estava por vir.
Após duas semanas de navegação, problemas no motor levaram a tripulação a Cabo Verde, onde uma nova verificação policial revelou a verdade aterradora: cerca de 1,2 tonelada de cocaína estava escondida em um fundo falso sob a cama de Daniel, avaliada em mais de R$ 600 milhões no mercado europeu.
A Detenção e o Julgamento
Furiosos e incrédulos, Daniel e Rodrigo foram detidos e enfrentaram um julgamento em Cabo Verde em março de 2018, onde insistiram em sua inocência. Apesar de seus argumentos e da falta de evidências diretas contra eles, os dois foram condenados a dez anos de prisão.
A Polícia Federal do Brasil monitorava o caso e rapidamente identificou Fox como o verdadeiro cérebro por trás da operação, que havia sido alertada antes da partida do iate.
Reflexões sobre a Inocência e a Fraude
“Eu não podia acreditar na hora. Só conseguia chamar o Fox de filho da p*,” desabafa Daniel, expressando a frustração e a raiva que sentiu ao perceber a armadilha na qual havia caído. O sonho de se tornar capitão de barcos e trabalhar na Europa transformou-se em uma luta pela liberdade e pela justiça.
Esse caso não apenas expõe os perigos que muitos velejadores podem enfrentar ao buscar oportunidades no exterior, mas também levanta questões sobre a responsabilidade e a investigação adequada em casos de tráfico de drogas. Enquanto os brasileiros continuam a lutar por sua liberdade, a figura de Fox permanece envolta em mistério e suspeita, uma lembrança de que nem todas as viagens são o que parecem ser.
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