Os dois fizeram delações premiadas à PF (Polícia Federal) por redução de pena.
Após seis anos do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Gomes, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados nesta quinta-feira (31.out.2024) em julgamento realizado pelo 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. A sentença foi decidida por júri popular, marcando uma vitória na busca por justiça em um caso que mobilizou o Brasil e o mundo.
Ronnie Lessa recebeu uma condenação de 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio Queiroz foi sentenciado a 59 anos e 8 meses. Ambos os réus, presos preventivamente desde 2019, devem cumprir parte das penas em regime fechado. Contudo, acordos de delação premiada estabelecem que Lessa poderá ficar em regime fechado por até 12 anos e Queiroz por até 18 anos, com possibilidade de semiaberto após esse período.
Além das penas de reclusão, Lessa e Queiroz foram condenados ao pagamento de uma pensão ao filho de Anderson, Arthur Gomes, até que complete 24 anos. Foram também fixadas indenizações por danos morais de R$ 706 mil a cada um dos familiares das vítimas, incluindo a filha de Marielle, Luyara Franco; a viúva, Mônica Benicio; e a mãe, Marinete Silva, bem como a viúva de Anderson, Ágatha Arnaus.
Durante a leitura da sentença, a juíza Lucia Glioche destacou a longa espera por justiça. “A Justiça por vezes é lenta, cega, burra, injusta e torta. Mas ela chega. Mesmo para aqueles, como os acusados, que acham que jamais vão ser atingidos pela justiça. Mas ela chega aos culpados e tira deles o bem mais importante após a vida: a liberdade”, afirmou Glioche.
O julgamento, que começou na quarta-feira (30.out), teve duração de 13 horas no primeiro dia, com depoimentos dos réus, advogados e promotores de acusação. Entre as testemunhas, a mãe de Marielle, Marinete da Silva, compareceu ao plenário e depôs logo após Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado que tirou a vida de Marielle e Anderson.
O caso, que envolve questões complexas de violência política e de segurança pública, segue como um marco no Brasil. A condenação de Lessa e Queiroz é vista como um avanço no combate à impunidade, especialmente em crimes de grande repercussão nacional.